O Abre Alas da Raposa

O Abre Alas da Raposa

Gustavo Henrique Ribeiro

A história do futebol no Campinense Clube é rica em conquistas, desafios e provações. No final dos anos cinqüenta, depois de uma batalha interna para profissionalizar o Departamento Esportivo, veio enfim, o convencimento dos Cardeais, que passou longe da unanimidade. Aquela decisão talvez tenha instituído a primeira subdivisão do Clube, que depois viria ser mais conhecida como ALA. Alas que representavam o cordão dos "QUE FAZIAM!" e o cordão dos contra, ou os que "NUNCA FIZERAM!".

A década gloriosa de sessenta, com sete títulos conquistados e participações honrosas em Torneios Nacionais, habilitaram o futebol do Campinense como um direito adquirido. Um caminho sem volta. A ala dos que “NUNCA FIZERAM!" não conseguia propagar o eco das teorias de extinção do Departamento de Futebol Profissional, pois as vitórias seguidas, abafavam as teses contrárias e arregimentavam adeptos aos milhares. Mais logo após o inédito Hexa Campeonato, para imensa satisfação dos que "NUNCA FIZERAM!", surge uma crise no cordão dos "QUE FAZIAM!" e outra ala é formada: A dos que "SE FORAM!". Vestidos com outras cores, foram eles que nos tiraram o hepta. Porém não conseguiram impedir a conquista de um novo Campeonato no ano seguinte (1967), produto do esforço de outra ala, a dos “QUE FICARAM!”.

Chegaram os anos setenta. O cordão dos que “NUNCA FIZERAM!", entusiasmado com a revoada dos que "SE FORAM!" apostava que o momento do fim chegara. Os Craques também haviam arribado e a previsão era sombria. Eis que, oriunda das categorias de base, surge sob a denominação de "Time de Zé Pinheiro", uma nova Raposa. Tão vitoriosa quanto o time de Craques da década passada. Foram cinco títulos seguidos, o Vice-Campeonato da série B (1972) e vários Torneios expressivos.

Foi dessa geração do Campinense o privilégio de inaugurar o Amigão e ser o primeiro Clube da Paraíba a participar do Campeonato Nacional. Tudo ia bem... Mas na metade daquela década, um novo grupo se integra a ala dos que “SE FORAM!”. Eles deixam o Clube e resolvem criar um rival tricolor. Em poucos anos, sem simpatizantes, o novo rival agoniza e desaparece tão célere quanto o bote de um Gavião. Para nova decepção dos que “NUNCA FIZERAM!", alguns dos que "SE FORAM", retornaram às suas origens. Fundaram a ala dos “QUE VOLTARAM!” ainda dando tempo de "papar" um Bi-Campeonato 1979/1980 e realizar a memorável campanha no Brasileiro de 1979, onde até hoje o Campinense figura como o time detentor de uma das dez melhores defesas de todas as edições desse Campeonato.

Os anos oitenta e noventa foram terríveis. Morte e Vida... Céu e Inferno. Os que “NUNCA FIZERAM!" reinaram absolutos. Desativação... Desfiliação... Intervenção... Humilhação... Os "QUE FAZIAM!” mudaram de ala. Passaram também a engrossar o cordão dos que “SE FORAM!”. A ala dos “QUE FICARAM!” definhava por inanição. Brigas sem vencedores... Lutas só com vencidos. Em 1988, naquele vácuo formado, surge um grupo de jovens hasteando a bandeira da resistência. Estava formada a ala dos que "QUERIAM FAZER!”. Calouros sonhadores descobriram na prática que o capital prevalece e que o meio não perdoa utopia. Decidiram por se afastarem amargurados com o revés sofrido. Mergulharam nos anos em busca de sabedoria para emergir no início do novo século compondo a ala dos “QUE VOLTARAM!”.

1991 e 1993 foram lampejos de Campeão. Os anos seguintes... Só decepção. A ala dos que “NUNCA FIZERAM!" vitaminada com as derrotas seguidas fomentou várias outras divisões. Alas não são do bem ou do mal, são linhas que dividem idéias e pessoas através de discórdia e contendas. Virada do Século e novos lampejos: Excelente campanha na Série C 2003. Entre 93 Clubes, consegue o quarto lugar e Campeão Paraibano 2004 (Frutos colhidos por quem não desistiu de plantar).

Estamos em 2008. Pela décima oitava vez (em breve, sem contestação), o Campinense Clube é o Campeão da Paraíba. Tudo converge para as soluções definitivas. A gambiarra encostada nos leva a crer que a chegada da estabilidade fortalece a esperança que o tamanho do hiato entre as conquistas será diminuído.

As alas... Sim elas ainda existem. Existirão para sempre. Veladas, mas existem... Algumas são compostas por pessoas do bem, que divergem na teoria, mas somam nas ações. Que sabem separar interesses próprios, administrando diferenças em favor das cores do coração... Algumas são rasteiras e daninhas. Mesmo vestidos com o manto rubro-negro, são agourentos. Estão sempre esperando o pior resultado para fazer valer o bordão preferido: “- Eu não disse?” Revelam-se facilmente pela negatividade de suas opiniões. Usam a língua como açoite, pouco importando se injustiças possam produzir estragos irreparáveis. Sentem prazer em ser do contra. São infelizmente MESTRES DE OBRAS PRONTAS, que após falidas suas teses, se “amorcegam” indevidamente nos louros conquistados por seus alvos prediletos:“OS QUE FAZEM!”

Abram alas, que o Campinense vai seguindo em frente!


Esse texto foi escrito no dia 26/07/2008, e estamos quase terminando o ano de 2009 e o texto continua servindo direitinho, espero que ano que vem tudo seja diferente.

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