A caminhada
Uma poesia de Aureo Mello:
I
Eu era tímido, subindo as escalvadas
Encostas da montanha em busca de algo
Que eu sabia existir, entre as nevadas
Formas dos alcantis de porte espalgo.
II
De dia o sol brilhava no alto e os verdes
Se destacavam, vivos sons subiam
No espaço; para, pela noite terdes
Lívidos tons, que os astros esparziam.
III
O mundo era distante. A caminhada
Era tudo, e os meus músculos doídos
Repetiam-me à triste alma cansada
Conselhos de humildade já sabidos.
IV
Uma força maior, porém, dizia
Que fosse em frente, que na vida o sonho
Vale mais que o repouso; e a nostalgia
É suave e meiga e o futuro risonho.
V
Que eu fosse a caminhar. Que as coisas passam
E que, vibrando no ar, só permanecem
Os grandes gestos que um dia se façam
E que os mistérios os destinos tecem.
I
Eu era tímido, subindo as escalvadas
Encostas da montanha em busca de algo
Que eu sabia existir, entre as nevadas
Formas dos alcantis de porte espalgo.
II
De dia o sol brilhava no alto e os verdes
Se destacavam, vivos sons subiam
No espaço; para, pela noite terdes
Lívidos tons, que os astros esparziam.
III
O mundo era distante. A caminhada
Era tudo, e os meus músculos doídos
Repetiam-me à triste alma cansada
Conselhos de humildade já sabidos.
IV
Uma força maior, porém, dizia
Que fosse em frente, que na vida o sonho
Vale mais que o repouso; e a nostalgia
É suave e meiga e o futuro risonho.
V
Que eu fosse a caminhar. Que as coisas passam
E que, vibrando no ar, só permanecem
Os grandes gestos que um dia se façam
E que os mistérios os destinos tecem.
Comentários
Postar um comentário