Minah abre a caixa preta da Raposa

Entrevista // Saulo Minah


Foto: Junot Lacet/DB/D.A Press
O presidente do Campinense, Saulo Minah, confessa que todos os jogadores da equipe para a temporada da Série B foram contratados por interesse de empresários. Ele afirma também que a Raposa deu um passo para trás e que a culpa da derrocada neste ano não foi só sua. Em entrevista ao Diário da Borborema, Minah revela que o clube está com um débito de R$ 600 mil para sanar até o final do ano. Segundo o presidente, pelo menos 30 contratações foram equivocadas, atendendo interesses de empresários. Apesar das dificuldades, ele mantém a candidatura à reeleição.

DB - Que avaliação o senhor faz do Campinense, hoje?

Saulo - Eu acho que o Campinense deu um passo para trás, para dar dois para a frente. Ainda é o único time da Paraíba que tem um calendário completo para 2010. Podemos nos estruturar para sair desta situação e voltarmos para a Série B. O momento é difícil; porém, o time tem um ano completo, definido e a chama está acesa para a Série C.

E no que diz respeito à parte financeira?

O Campinense tem débito sim e nós vamos tentar saudar a dívida. Devemos hoje duas folhas de pagamento, cerca de R$ 600 mil. Você sabe que não é fácil em um futebol deficitário, financeiramente, como o é o da Paraíba, buscar R$ 600 mil para saldarmos com os nossos jogadores, mas eu acredito em Deus e tenho confiança no que estou fazendo. O Campinense vai conseguir resolver a situação, reformular o time, fazer uma boa temporada e buscar o título de campeão paraibano em 2010 e uma boa participação na Série C. Vamos trabalhar com os pés no chão e determinação. Eu tenho dito sempre que oano de 2008 foi maravilhoso para o Campinense, o de 2009 está sendo muito negro e 2010 será o ano rubronegro.

O que aconteceu com os patrocínios que não foram significantes para o Campinense?

Veja bem, o Campinense teve pessoas sim que foram atrás dos patrocínios, lutaram em prol disso. Agora, o mundo esportivo, a imprensa, tem que entender o seguinte: a equipe voltou para uma Série B depois de 17 anos e não é fácil arrumar patrocínio que venha segurar uma folha de pagamento nessa condição, porque o time está voltando a uma divisão de elite depois de 17 anos. Isso significa dizer que uma empresa, uma multinacional, ainda não aposta muito naquele clube por ele ainda está regressando ao campeonato. Então, o que faltou ao Campinense para angariar patrocínios foi divulgação anterior. Se o clube tivesse conseguido o nosso intuito de permanecer na Série B aí você iria ver que teríamos, com certeza, uma gama maior de patrocínio. Fecharia, provavelmente, cerca de R$ 400 mil por mês se tivéssemos ficado. Então não faltou busca, o que faltou ao clube foi experiência e isso se adquire com erros e se aprende bem para não mais repetir.

O que vai se fazer para pagar essa dívida?

Temos que buscar recursos em algum setor, seja ele empresarial, poder público municipal ou estadual, porque o Campinense é um patrimônio de Campina Grande. Eu tenho certeza que com discernimento e tranquilidade nós vamos sair dessa situação.

De acordo com o técnico Freitas Nascimento, o Campinense hoje só possui um presidente e um treinador, visto que a diretoria se desmanchou. Está difícil essa situação?

Difícil foi quando nós pegamos o time numa derrocada após renúncias, e a equipe foi campeã e teve acesso à Série B. O problema é que todo o momento de derrota é momento de crítica, de se buscar culpados, de buscar erros. Por outro lado, todo momento de vitória, de ascensão, é momento bonito, é mais interessante e inteligente. É isso o que acontece.

Freitas disse que se contratou muitos jogadores sem o perfil do clube, a exemplo de Edinho, filho doempresário Cândido, com quem o senhor teve ligação. Por que isso?

Olha, eu como presidente, falo na primeira pessoa que errei. Falo também na segunda pessoa como nós (os dirigentes), um grupo de pessoas que contratou os atletas. Então o culpado disso foi eu e fomos nós. Então, você falou Edinho, mas eu falo também de Junior Maranhão, Joãozinho Paulista, Tiago Salete e mais uns 30 jogadores que contratamos mal. Isso recai na falta de experiência em Série B. Nós contratamos o Ferdinando Teixeira porque ele tinha tirado o Bahia do descesso, deixando na Série B do ano passado. Depois veio o Argel Funks que treinou time de jogadores de acesso à seleção brasileira; então pecou eu e nós, como já falei.

Especificamente, no caso do Edinho, quem contratou? É verdade que ele foi contratado por mero interesse de um empresário e que o senhor sabe disso?

Esse diretor que falou isso sabe que todos os jogadores que contratamos teve interesse de empresário e financeiro. Aí é onde está o erro de quem falou isso, porque no caso do Edinho, ele trouxe dinheiro por meio da negociação, enquanto os outros levaram; aí é onde está o problema e esse diretor sabe disso. Edinho trouxe um aporte financeiro para pagar a nossa folha de pagamento que estava precisando de R$ 100 mil e o dinheiro chegou pela conta do Campinense no Banco Real, cujo valor foi tirado por mim, o meu tesoureiro e levado pelo secretário Flávio Carvalho para pagar aos nossos jogadores. Isso é uma coisa normal que veio sanar um compromisso.

A Prefeitura tem repassado os R$ 30 mil do acordo?

Tem, na medida do possível. A Prefeitura só está devendo duas parcelas, o equivalente a R$ 60 mil, que deverá estar sendo pago esta semana. Então, na medida do possível, o prefeito Veneziano nos ajudou, a Prefeitura também foi promovida com nossa divulgação e foi uma parceria que deu certo.

Há quem lhe acuse de ter sido um "laranja" de alguns dirigentes e que não assinava com a sua caneta, mas quando e onde era mandado.

- Isto não está evidenciado e não existe de maneira alguma. Inclusive, eu não gosto nem de laranja, eu gosto de pêra, de maçã e quando se trata de vitamina C eu gosto de acerola. Isso são as más línguas que falam. Eu assumi o Campinense depois de uma derrocada de renúncia e estou terminando o meu biênio e vocês estão vendo que estou trabalhando e procurando elevá-lo. Então eu assino, desassino e digo porque assinei e porque não assinei.

O senhor pretende disputar a reeleição?

Minha pretensão é de reeleição porque aprendi muito nesse dois anos de trabalho. Acredito que tenho mais dois anos bons para dar ao Campinense, estou hoje dando esse passo para trás, mas confiante que darei mais dois para frente com o meu biênio que virá, o qual será mais sólido, mais determinante e experiente.

O senhor pretende convidar para integrar a sua chapa essas mesmas pessoas que fizeram parte da direção do Campinense com você?

Essas pessoas são eternas convidadas porque são até paternalistas, mostram o amor que tem pelo Campinense e por isso sempre vão estar ali, ajudando financeiramente, auxiliando, opinando e aconselhando.

O senhor pretende aproveitar algumas peças desse time?

O Campinense pretende ficar com homens dignos que defenderam com amor o clube na Série B. Já contatamos com Freitas Nascimento e ele não ficará se não quiser, porque está no nosso projeto. Conversamos já com o Edmundo e pretendemos conversar com Fábio Santana, com o Kleber e mais uns 15 que pretendemos renovar.

Por que o goleiro Pantera não ficou para a Série B?

- O Pantera foi e poderá voltar a vestir a camisa do rubronegro. O momento hoje é de restruturação pensando em 2010.

Freitas disse que forças estranhas podem ter atuado contra o Campinense nessa Série B. Como o senhor avalia essa declaração?

- Eu acredito no que vejo e em papel passado. Agora isso existe no futebol. Existem forças estranhas, ocultas e entrelinhas. Se aconteceu no Campinense, quem vai dar o troco e julgar é Deus. Disso tenho certeza.

Fonte: http://www.diariodaborborema.com.br/2009/11/17/esportes6_0.php

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