Crônica de um fracasso anunciado

Crônica de um fracasso anunciado

Por: Cícero Dias

Parodiando John Lennon, the dream is over. Em bom Português, acabou o sonho do Super Raposão permanecer na Série B, depois da surpreendente e inexplicável derrota, de virada, para o fraquíssimo time do Vila Nova, no “Amigão”. Não acredito em milagres e, ao contrário daquela musiquinha chata daquele padrezinho ainda mais chato, eles não acontecem todo dia. Não acho que o Campinense, único hexacampeão da Paraíba, ainda tenha forças para vencer cinco das seis partidas que ainda lhe faltam.

Estamos de volta à Série C lugar que, a bem da verdade, só saímos porque o ASA e o Salgueiro deixaram e o bom caráter do Mauro Fernandes, à época treinando o simpático time do Atlético de Goiás, permitiu. Senão nem teríamos vivido o vexame da Série B deste ano. Trinta e cinco rodadas e todas na zona da degola...Pensando bem, é demais até pra mim!

Não nos resta outra coisa a fazer senão pensar no futuro. Série B é passado. Agora é juntar os cacos, esfriar a cabeça e avaliar o ano perdido de 2009. Perdido? Perdido, sim. Perdemos tudo que disputamos: Campeonato Paraibano, Copa do Brasil e Segundona. Só não fomos pior do que o falecido Galo da Borborema porque aí também seria o fim...

Resta a pergunta que não quer calar: de quem é a culpa? Só sei de uma coisa: não foi da torcida. Ela cumpriu a sua parte e acreditou no time até mesmo quando não havia mais dúvidas de que ele não iria mesmo a lugar nenhum. Como ninguém é masoquista em sã consciência, quando se sacou o óbvio, a galera começou a deixar de ir a campo.

Freitas tem culpa? Talvez a sua maior culpa – não sei os motivos que o levaram a mexer tão mal no time hoje à tarde quando ganhávamos por dois a zero e por isso não vou crucificá-lo -, tenha sido insistir até o fim com Fabiano como titular. Deve ter alguma coisa errada com um goleiro que toma em duas temporadas quase 130 gols, como ele levou do ano passado para cá. A defesa rubro-negra é ruim, mas o goleiro...minha Mãe do Céu!

A diretoria? Que diretoria? O Campinense nunca teve diretoria. Teve alas, como qualquer boa escola de samba. Tinha a Ala dos tais Abnegados; tinha a Ala de Saulo Miná; tinha a Ala de Dorgival Pereira e de ala em ala o Super Raposão se ferrou. A fogueira das vaidades ardeu com mais intensidade de que todas as que iluminaram o céu campinense durante o Maior São João do Mundo e o resultado tai. Ó, pai, ó...

Disseram-me um dia que ciúme de macho é Fod..., digo...é Flórida! Pois de ciumeira em ciumeira, lascaram a Raposa. Devem estar felizes agora os diretores, oficiais e oficiosos, do Campinense. Depois da lambança que fizeram no Paraibano e na Copa do Brasil, aprontaram ainda com mais (in)competência no Brasileirão.

O Campinense, de acordo com levantamento feito por um amigo raposeiro, contratou 53 meio-campistas este ano e terminou – pelo menos para mim -, jogando com Daniel, revelado no Nacional de Patos. Nunca e nem em tempo algum se contratou tão mal quanto este ano. Logo, dinheiro também nunca foi problema pras bandas do Renatão (Não entendo o porquê de se homenagear um camarada que tirou o Campinense de José Pinheiro. Já imaginaram o Flamengo fora da Gávea; o Vasco longe de São Januário; o São Paulo a quilômetros do Morumbi ou o Santos distante da Vila Belmiro?)

Sabem o que eu faria, se fosse presidente do Super Raposão? Demitiria ainda hoje – e por Justa Causa - pelo menos a metade dos sanguessugas que tem por lá, aproveitaria os que não perderam o respeito da torcida - Washington, o único fora-de-série do time, apesar de ser um grandiosíssimo mau-caráter, à frente -, e apostaria as últimas fichas no Returno da Copa Paraíba. Se não ganhássemos a vaga para a Copa do Brasil de 2010, pelo menos ajudaríamos a impedir que quem está rindo hoje de nós, neste exato momento, lá no São José, a conseguisse.

Por fim, não custa lembrar uma frase predileta do genial Milton Neves, jornalista e igualmente escrivão de Polícia: Futebol é a coisa mais importante entre as menos importante da Vida.

Toquemos, pois, a bola em direção ao futuro.