Endividado, Campinense 'repete fórmula' e pede ajuda financeira aos torcedores

Guilherme Yoshida
Em São Paulo
Lutando desde a primeira rodada para sair da zona do rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro, o Campinense também sofre para se manter financeiramente até o final da temporada 2009.

Divulgação
Campanha criada pelo Campinense pede auxílio financeiro para seus torcedores


Com uma alta de 200% nos gastos com o futebol em relação ao ano passado, quando disputava a Terceira Divisão, além dos cortes das verbas que recebia do governo do Estado, o clube da Paraíba resolveu buscar ajuda de quem, normalmente, mais contribui para incentivar um time: a torcida.

Desde o final do último mês, a diretoria do Campinense resolveu liberar uma de suas contas bancárias para que os torcedores possam contribuir com o clube, mediante depósitos sem limite de valor.

A ideia, que não chega a ser uma novidade, partiu do próprio presidente da agremiação, Saulo Minah, que tenta arcar com o aumento de R$ 100 mil para R$ 300 mil da folha salarial da equipe paraibana, entre outros gastos extras com o time.

"Esta ação surgiu da nossa necessidade de arrecadar divisas. Neste período, ainda não atingimos uma quantia expressiva, por isso, vamos deixar os valores das doações na conta rendendo mais um pouco. Esse dinheiro será utilizado para o que for aparecendo de emergência. Neste momento, porém, estamos com 15 dias de atraso no pagamento dos salários dos atletas", revelou Minah, ao
UOL Esporte.

A possibilidade de pedir ajuda financeira dos torcedores já foi colocada em prática outras vezes. Flamengo e Corinthians, que contam com as maiores torcidas do país, segundo números do
Datafolha, recorreram a esse expediente para tentar viabilizar alguns projetos.

O Flamengo, por exemplo, lançou uma campanha para arrecadar fundos para a construção do CT de Vargem Grande, conhecido como Ninho do Urubu, e que é utilizado pelas categorias de base do clube.

No caso do Corinthians, a ideia partiu dos próprios torcedores. Dentre as inúmeras ideias que já surgiram para a construção de um estádio próprio esteve uma idealizada pela torcida. Por meio da criação da Cooperfiel, uma espécie de cooperativa, os fãs idealizam levantar uma quantia e entregá-la ao clube. O projeto, no entanto, acabou não vingando.

No caso do Campinense, além da ajuda da torcida, o clube não precisa mais se preocupar com os custos de passagens aéreas e hospedagem, que são pagas pela Confederação Brasileira de Futebol para todos os times da Segundona, ao contrário do que ocorria na Série C.

Além disso, o time paraibano pode se beneficiar de uma lei que o isenta de pagar aluguel para jogar no estádio Amigão, que pertence ao governo estadual.

Porém, nem as receitas anuais, como R$ 525 mil das cotas de televisão, R$ 100 mil de patrocínios, além dos R$ 582,3 mil obtidos com a bilheteria nos 12 jogos em Campina Grande, são suficientes para saldar as dívidas da agremiação paraibana.

"Em 2008, contávamos com uma ajuda financeira do governador [Cássio Cunha Lima, do PSDB, que teve seu mandato cassado por abuso de poder econômico e político na eleição de 2006], o que não acontece mais. Então, passamos a depender das contribuições dos empresários da cidade, que nos ajudam sempre que falta algum dinheiro", explicou Gustavo Ribeiro, membro da comissão de futebol, e um dos oito empresários que administram o clube.

"No entanto, estamos fazendo algumas ações de marketing para aumentar a arrecadação. Até dezembro, será implantado um programa de sócio-torcedor também, já que vendemos 2,5 mil camisas do Campinense por mês. Precisamos transformar essa paixão em lucro", completou.

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